Nossa História

Nasrin aterrisou no brasil em 1990

Nascida no Irã, Nasrin já era uma experiente cozinheira quando decidiu se mudar para o Brasil. Chegou sozinha em 91, em vésperas de Carnaval, no Rio de Janeiro, onde conheceu Claudio (carioca de gema), com quem se casou em Paraty.

Foi no centro histórico da singela cidade colonial, na Rua Dona Dona Geralda, que foi aberto o primeiro restaurante iraniano do Brasil e, quiçá, da América do Sul. Foi batizado Amigo do Rei, em homenagem ao poeta Manuel Bandeira, que Nasrin descobrira anos atrás ao guiar turistas brasileiros pelas ruínas de Passárgada.

Em 2001, a família mudou-se para Belo Horizonte e levou o restaurante junto. O Amigo do Rei ganhou estrelas do hoje extinto Guia 4 Rodas por 11 anos seguidos e dois Prêmios Gula. Em 2011 o Amigo do Rei fechou as portas em BH para abrir em São Paulo. Por conta do destino, não chegou a ser inaugurado.

Atualmente, Nasrin recebe na sua própria sala de estar os interessados na culinária persa. São encontros intimistas em que os convivas se sentam ao redor de uma mesa compartilhada e mergulham nos sabores e histórias do Irã.

Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.